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sexta-feira, 6 de junho de 2014

O bullying e a Psicopedagogia




O Termo bullying

O Brasil, assim como outros países, apropria-se de palavras de determinada língua porque lhe faltam vocábulos para exprimir aquela ideia, por uma questão de modismo ou influência cultural. A este fenômeno se denomina estrangeirismo, processo que introduz palavras vindas de outros idiomas na língua. O estrangeirismo possui duas categorias: Com aportuguesamento: a grafia e a pronúncia da palavra são adaptadas para o português. Exemplo: abajur (do francês "abat-jour") Sem aportuguesamento: conserva-se a forma original da palavra. Exemplo: mouse (do inglês "mouse")
Hoje em dia, em face da posição dos EUA no cenário internacional e também pelo fato de a língua inglesa ter se tornado um “idioma universal”, assim como o fora o latim durante o império romano, usamos frequentemente palavras de origem inglesa com estrangeirismo sem aportuguesamento. Uma delas é a palavra bulllying, de origem inglesa, que expressa o comportamento pelo qual uma pessoa amedronta outra, lhe causa dor, ferimento, constrangimento, ou outros sofrimentos no plano físico ou emocional. Este fenômeno, nas relações humanas, não é novo. Portanto, o bullying não é novidade histórica. Assim, seria surpreendente se a língua portuguesa não tivesse palavras próprias para descrevê-lo. E as tem! Surpreendentemente mesmo é o desconhecimento delas, conforme revelado pelo amplo uso do termo bulllying, inclusive no meio educacional.
A palavra portuguesa para bullying é “bulir”, muito usada anos atrás, quando em casa, na escola e na rua alguém dizia "fulano buliu comigo”. O dicionário Houaiss apresenta como significados de bulir, que não consta como regionalismo: Mexer com; tocar; causar incômodo ou apoquentar; produzir apreensão em alguém; fazer caçoada; zombar e falar sobre outras pessoas. O mesmo dicionário tem também o termo bulimento e bulidor, ou seja, temos palavras para designar tanto o sujeito (bully), como o verbo (to bully) e o ato decorrente (bullying).
No nordeste do país a palavra bulir tem também o significado de tirar a virgindade, adquirindo uma conotação sexual. Talvez esta conotação da palavra “bulir” tenha influenciado na preferência pelo termo bulllying, que já se tornou comum entre nós.
Agora que já compreendemos o significado e porque utilizamos a palavra Bullying em inglês para expressarmos nossas ideias, convém analisarmos como o ato é justificado pelos autores que a ele se dedicam.
Alguns autores atribuem a crescente onda de violência, que caracteriza o Bullying, à programação da TV, considerando que:
·         Há uma ligação óbvia entre a ocorrência de violência na sociedade e a tematização e representação da mesma nas mídias;
·         A Televisão vende progressivamente a ideia de que a violência é aceitável, torna-a trivial, lugar comum, de todos os dias, mundana. Faz parte da vida, é normal. É parte da nossa cultura moderna;
·         A Televisão também ensina algo ainda mais corruptível – que a inteligência está fora de moda e que a força bruta é que convence. A moralidade está ultrapassada. Os polícias são estúpidos e os criminosos é que são os espertos. Há uma selva lá fora, envolvendo homens, mulheres e crianças e, no entanto, está tudo bem;
Vivemos, infelizmente, numa era de crimes progressivos de violência contra pessoas e propriedades, violência nos jogos de futebol, vandalismo social.

Bullying nas Escolas

O ambiente no qual o bullying tem sido mais discutido é o espaço escolar. Crianças e adolescentes isolam, insultam, agridem colegas e expõem uma realidade alarmante: pais e colégios não sabem como lidar com agressões que começam cada vez mais cedo.  Este tipo de conduta por parte de alguns alunos pode ser comum no dia-a-dia escolar, mas está longe de ser considerado aceitável, porque gera angústia, sofrimento e pode causar danos psicológicos imensuráveis nas vítimas.
O comportamento agressivo costumava aparecer na adolescência, mas agora é detectado entre crianças cada vez mais novas, o que tem preocupado as autoridades educacionais e as famílias.
O maior problema acarretado pelo bullying é o estresse, que afeta diretamente o ato de aprender e a capacidade de assimilação do conteúdo ensinado, conforme apontam estudos das neurociências.

Como a Psicopedagogia encara o bullying
Sendo o bullying um comportamento observável em crianças e adolescentes em seus grupos de convivência, pode ser considerado um vínculo patológico. Neste caso, o praticante e aquele que sofre o bullying estão vinculados de uma maneira particular, por motivos que devem pertencer ao mundo interno de cada um.
O psicopedagogo trabalha com aprendizagem e o bullying é uma conduta que interfere negativamente neste processo, por isso é necessário que os estudos a respeito dos vínculos na aprendizagem sejam aprofundados por este profissional em seu processo de educação continuada.
Importante também que o psicopedagogo exercite a capacidade de ouvir as crianças e adolescentes. Uma boa escuta é capaz de apreender nas entrelinhas algo que não é dito de maneira explícita.
Quando atua no âmbito institucional o papel do psicopedagogo na discussão e elaboração de normas de conduta escolar, projetos contra a prática do bulllying e conscientização de professores e familiares a respeito deste assunto, caracterizam o aspecto preventivo de sua atuação.
Quando atua na clínica o psicopedagogo age sobre os vínculos, abrindo espaços para que seu atendido possa ressignificá- los, saindo do lugar patológico de agressor ou de vítima em que possa estar.
Numa ou noutra situação o psicopedagogo precisa estar atento para o que acontece à sua volta e pronto para contribuir no sentido de produzir mudanças nas pessoas, com repercussões na sociedade.

Referências Bibliográficas:
BEANE, Allan L. Proteja Seu Filho do Bullying. São Paulo: Editora Best Sellers, 2008.
PEREIRA, Sônia Maria de Souza. Bullying e Suas Implicações no Ambiente Escolar. São Paulo: Ed. Paulus, 2009.
ABRAPIA (Associação Brasileira de proteção à Infância e Adolescência) (2006). Programa de redução do comportamento agressivo entre estudantes [online]. Disponível: http://www.bullying.com.br/Bconceituacao21.htm  (2007, Fevereiro, 19]




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