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sábado, 23 de abril de 2011

ELA JÁ SABE LER !! uma reflexão sobre a alfabetização


Júlia Eugênia Gonçalves
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Como psicopedagoga engajada nas questões que afligem a educação brasileira, deparo-me, muitas vezes, com esta pergunta que os professores do ensino fundamental me formulam:_ o que é uma criança alfabetizada?__ Quando podemos dizer que ela já sabe ler?
Acompanhando, no dia a dia, o crescimento de minha neta, uma situação remeteu-me a pensar sobre este tema da alfabetização, que é recorrente em minhas leituras, em meus escritos e em meu trabalho de formação de docentes por meio de cursos de qualificação profissional.
Convido o leitor a me seguir no relato desta situação em particular: estava eu ao chuveiro, em pleno verão brasileiro, em um dia de dezembro. Minha neta, recém alfabetizada, resolveu escrever uma carta para “ papai noel ” e, com sua pouca experiência, abria e fechava a porta do banheiro em que eu me encontrava, sempre perguntando:
_Vovó, “ Noel” é com “ u “ ou com “ l” ?
Eu lhe respondia e ela voltava ao seu trabalho.
Logo depois, vinha ela de novo:
__Vovó, “presente” é com “ m” ou com “n “ ?
E assim, durante aquele trabalho de escrever a tal carta, ela ia e vinha diversas vezes, compartilhando comigo suas dúvidas.
Aquela criança de 6 anos, levou-me a refletir e a encontrar uma resposta para as professoras angustiadas com a alfabetização de seus alunos, inquietas por tentar estabelecer se estavam ou não alfabetizados e se deviam ou não receber promoção para a série seguinte.
O que é uma criança alfabetizada, afinal? Quando podemos dizer que ela já sabe ler e escrever? A resposta, hoje, me parece muito clara: quando ela for capaz de fazer perguntas a respeito da formação das palavras porque já introjetou que a escrita é um código e, como tal, possui regras estabelecidas que devem ser seguidas.
Uma criança alfabetizada é aquela que tem a noção precisa de que a língua não se inventa a cada dia, que as palavras pertencem a todos e que foram compostas a partir de determinadas regras;que o sistema lingüístico é flexível, pois novas palavras estão continuamente aparecendo, mas todas elas surgem de forma coerente com o próprio sistema.
Se a criança compreende isso, ela vai tentar seguir as tais regras de formação vocabular, de adequação sintática e semântica e será capaz de ler, compreendendo os significados dos textos , assim como de escrever suas próprias produções textuais. A alfabetização não se resume em um processo de conhecimento das letras, mas de como elas se combinam, quais são as possibilidades que elas contém de se aglutinarem formando sílabas , destas sílabas se justaporem formando palavras e de palavras comporem frases e textos.
Por efeito deste fato, os professores alfabetizadores não devem se deixar levar pelas teorias espontaneístas, segundo as quais a aprendizagem da leitura e da escrita se dá naturalmente. Tais professores confundem “letramento” com “alfabetização”. Alfabetizar, como o próprio nome indica, é a ação de tornar alguém alfabético, ou seja, com o conhecimentos dos signos que compõem o alfabeto e das regras de composição que a língua possui para combiná-los.
Se isso não for trabalhado com a criança, ela passará a constituir aquele universo de alunos, triste marca da educação brasileira na atualidade, que escrevem como “ pensam que é “, sem a menor coerência entre sua escrita e a escritura social..
Alfabetização é uma ação orientada para um determinado fim: o domínio do código alfabético, o que implica três noiveis de compreensão: o fonológico, o sintático e o semântico. Esta ação é delimitada no espaço-tempo da escola de ensino fundamental. Não é um processo contínuo, mas não deixa de possuir um lado permanente, pois ,depois de concluído, tem a possibilidade de ser aprimorado. Por isso, quanto mais uma pessoa lê, melhor leitor se torna. Quanto mais escrever, melhor escritor será.
O que se vê com muita freqüência hoje em dia é que a visão distorcida da alfabetização produz pessoas que lêem mecanicamente, enfatizando o nível fonológico, sem a devida compreensão do texto e ou pessoas que escrevem também mecanicamente, ou seja, são excelentes copistas ,mas incapazes de registrarem seu próprio pensamento. Uma criança assim, não pode ser considerada alfabetizada. Porém, aquelas que ainda não sabem muito bem como se escrevem as palavras, aquelas que ainda lêem com alguma dificuldade de pronúncia ou de entonação, mas que conseguem compreender o que leram e são capazes de perguntar, de se pôr em dúvida a respeito da letra correta para escrever esta ou aquela palavra, esta sim é uma criança alfabetizada e, apesar de não ter ainda competência leitora e de escrita, está no caminho para adquiri-las, pois aprendeu a lidar com a dúvida, descobriu que a leitura/escrita possui regras e, por isso, sabe fazer as perguntas certas. Importante, em todas as perguntas, não são os conteúdos que elas contém, mas como são formuladas a partir de uma determinada lógica, que as tornam plausíveis.
Voltando ao exemplo de minha neta, citado no início deste artigo: se ela entrasse e saísse do banheiro me perguntando com que letras escreveria “noel” e eu tivesse que soletrar n o e l, não poderia dizer: _ esta menina está alfabetizada. Somente demonstrar interesse pela escrita de palavras, perguntar pela nomenclatura das letras e registrá-las em sequência não é suficiente. Porém, quando a pergunta é baseada em uma lógica combinatória que permite à criança se inquirir se noel termina com u ou com l, é porque ela já compreendeu que na língua portuguesa existem correspondências unívocas e biunívocas entre os sons e as grafias e que, neste exemplo específico só existem estas duas possibilidades. Neste caso, não temo afirmar : ela já sabe ler !


Em caso de bullying, escolas podem procurar o MP

Publicado em O Estado de São Paulo, 19/04/2011 - São Paulo SP 

Escolas públicas e particulares já podem encaminhar, desde fevereiro, casos de bullying e de cyberbullying diretamente ao Ministério Público Estadual (MPE) sem que os pais tenham de abrir boletim de ocorrência em delegacias ou fazer o registro das denúncias em cartórios de notas. Os estabelecimentos de ensino devem procurar a Promotoria da Infância e Juventude, no Brás, região central, enviar uma breve narração dos fatos e, se possível, documentos e indicação de testemunhas. “Uma comissão irá apurar, em caráter preliminar, se as ocorrências que chegarem dizem respeito a atitudes agressivas, realizadas de forma voluntária e repetitiva, que ocorram sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro causando dor e angústia e realizada dentro de uma relação desigual de poder”, explica o promotor Mario Augusto Bruno Neto. “Denunciando, as escolas se previnem de possíveis ações no futuro”, afirma.

Em seguida, o autor será intimado para prestar esclarecimentos, assim como a vítima e  testemunhas. Caso não se confirme que é um caso de bullying, será encaminhado para outras promotorias. Se o fato não constituir crime, será arquivado. Caso a prática fique confirmada, o promotor poderá arquivá-la, denunciar o caso à Justiça, conceder remissão (perdão) ou encaminhar o caso à Justiça Restaurativa. Havendo necessidade, serão realizadas visitas, em caráter educativo, às escolas públicas e privadas para a realização de palestras dos promotores.
Pessoal,

foi lançado nesta semana o E-BOOK Educação e Tecnologias: reflexão,
inovação e práticas 
disponível gratuitamente em http://livroeducacaoetecnologias.blogspot.com/

Vale a pena conferir esta publicação, que trata de assuntos relevantes para quem atua na Educação, Psicopedagogia e EAD.

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