Sobre Psicopedagogia agora é EDUPP!

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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

DIA NACIONAL DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA



Nos dias 25, 28 e 29 de novembro de 2011 a ABED, seus parceiros e associados e toda a comunidade da EaD estarão comemorado o dia Nacional da EaD com diversas atividades. Confira as atividades preparadas para essa comemoração e participe!

Para mais informações acesse a página de Notícias no site da ABED
http://www2.abed.org.br/noticia.asp?Noticia_ID=474

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

PBA e EJA

O PBA - Programa Brasil Alfabetizado - é uma iniciativa do governo federal que tem por objetivo reduzir o analfabetismo no país. Os adolescentes, adultos e idosos que atende, depois de terem permanecido no programa pelo tempo mínimo de 06 meses, devem ser encaminhados às classes de EJA- Educação de Jovens e Adultos- a fim de que possam dar continuidade aos estudos e completar a escolarização.
Isso parece fácil, mas não é. Alguns instrutores do PBA  permanecem com os alunos em suas salas de aula pela razão de que recebem um valor por cada um deles. Em outros casos, o município não possui classes de EJA para as quais eles possam ser encaminhados.
Felizmente temos casos de sucesso para narrar. Como representante de uma instituição formadora do PBA junto ao MEC - Fundação Aprender - realizamos um trabalho de formação continuada de professores alfabetizadoras e de EJA na cidade mineira de Campo Belo, cuja secretaria de educação se empenha em melhorar continuamente a qualidade de ensino do município.
Ontem estivemos com o grupo  de docentes durante à tarde, quando discutimos os procedimentos a serem usados com o método fônico de alfabetização criado por Iracema Meireles - É Tempo de Aprender .
À noite  visitamos a Escola Cônego Ulisses, no centro da cidade, que possui 06 turmas de EJA e ainda duas turmas do Telecurso 1o. e 2o. graus.
O ambiente, extremamente acolhedor, expressa um trabalho muito bem realizado. Alunos adolescentes, adultos e idosos aprendendo a ler e a escrever e prosseguindo na escolarização. Além das aulas regulares, têm atividades artesanais , música e dança.
Foi uma grande alegria constatar que a escola pública brasileira, apesar de todas as dificuldades por que passa, ainda possui exemplos como esse que demonstram sua importância na construção da vida, que só tem sentido se vivida em situações de socialização e colaboração.
Parabéns Campo Belo !

CONVITE LANÇAMENTO 3a. EDIÇÃO LIVRO TEMAS MULTIDISCIPLINARES DE NEUROPSICOLOGIA E APRENDIZAGEM





Editores Científicos: Luiza Elena L. Ribeiro do ValleFernando César Capovilla
Editora: Novo Conceito
ISBN: 978-85-63219-51-0

3ª Edição, 2011.



O lançamento da 3a edição do  livro "Temas Multidisciplinares de Neuropsicologia e Aprendizagem", do qual sou uma das autoras, será no dia 25 de novembro, no Shopping Cidade Jardim, SP, às 19 horas, na Livraria da Vila.


Esta confraternização científica  pretende reunir aqueles que se interessam pelo assunto e estão dispostos a estimular o desenvolvimento de novas pesquisas e trabalhos. 

Queremos fazer a diferença em questões tão necessárias como Saúde e Educação em todas as idades!.

Sua participação é importante! O livro foi construído pela colaboração de autores especialistas e pesquisadores muito dedicados.


 Vamos comemorar! 


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

DIA DO PSICOPEDAGOGO



Hoje, 12 de novembro, é comemorado o "Dia do Psicopedagogo ".
A data foi escolhida pelo Conselho Nacional da ABPp - Associação Brasileira de Psicopedagogia, do qual fiz parte durante 13 anos consecutivos, em virtude de ter sido o dia de sua fundação.
A Psicopedagogia é a profissão que abracei há 30 anos e a qual me dedico diariamente, seja ministrando aulas em cursos de pós-graduação ou formação de psicopedagogos, seja atuando com consultoria e assessoria psicopedagógicas à instituições ou fazendo supervisão a colegas.
Há alguns anos escrevi um artigo tentando divulgar esta área de conhecimento, publicado no livro "Psicopedagogia, Diversas Faces, Múltiplos Olhares ", da editora Olho D`Água, que compartilho agora com vocês:


Apresentando a psicopedagogia.
Júlia Eugênia Gonçalves

O que é a Psicopedagogia? Quem é o Psicopedagogo?
Estas perguntas são feitas constantemente por diversos profissionais e também por muitos alunos dos cursos de Pós-Graduação em Psicopedagogia, que buscam a especialização sem a devida clareza conceitual e trazem consigo impressões distorcidas a respeito do curso que escolheram. Geralmente são formuladas a partir do senso comum que identifica a palavra por suas partes constitutivas: Psicologia + Pedagogia e trazem uma perspectiva reducionista a seu respeito.
A Psicopedagogia é uma área de conhecimento e de atuação dirigida para o processo de aprendizagem. Seu objeto de estudo é o ser cognoscente, ou seja, o sujeito que se dirige para a realidade e dela retira um saber. Vista no âmbito de um sistema complexo e inerente à condição humana, a aprendizagem não é estudada pela Psicopedagogia no espaço restrito da escola, ou num determinado momento da vida, posto que ocorre em todos os lugares, durante todo o tempo da existência. Difere da Pedagogia porque não se ocupa de métodos ou técnicas de ensino, assim como da Psicologia escolar, porque não reduz sua investigação e trabalho ao âmbito da Escola.
Enquanto conhecimento interessa a todo aquele que se dedica à Educação, na medida em que possibilita uma análise das teorias relacionadas com as ações de aprender e ensinar, não apenas no sentido da prática didático-pedagógica, mas no substrato epistemológico que delas se origina para a formação do sujeito “ensinanteaprendente". Nutre-se de conhecimentos oriundos sobretudo da Epistemologia Genética, da Psicologia Social e da Psicanálise. Tem na Psicopedagogia Operativa, de Sara Pain; na Epistemologia Convergente, de Jorge Visca e na Psicopedagogia Clínica, de Alícia Fernández, suas formulações teóricas mais expressivas.
Enquanto atuação dirigiu-se, em seus primórdios, para os problemas relacionados às dificuldades de aprender e ao fracasso escolar. Porém, hoje, visa favorecer a apropriação do conhecimento no ser humano ao longo da sua evolução, tendo por objetivo a promoção de aprendizagens. Configura-se como uma prática institucional e clínica que integra diferentes campos de conhecimento, envolvendo elaboração teórica a respeito do ponto de convergência em que opera.
As relações com o conhecimento, o vínculo com a aprendizagem, as significações contidas no ato de aprender, são estudados pela Psicopedagogia a fim de que esta disciplina possa contribuir para a análise e reformulação de práticas educativas sociais e para a ressignificação de atitudes subjetivas.
O psicopedagogo é um profissional pós-graduado, um multi-especialista em aprendizagem humana, que congrega conhecimentos de diversas áreas a fim de intervir neste processo seja para potencializá-lo ou para sanar possíveis dificuldades, utilizando instrumentos próprios da Psicopedagogia. A formação clínica é buscada geralmente fora do país, na Argentina ou na França, locais onde este conhecimento existe há mais tempo e a profissão é regulamentada, o que ainda não ocorre no Brasil. Esta formação tem continuidade em sessões de supervisão e em grupos de tratamento psicopedagógico, nos quais investe no conhecimento de seu próprio processo de aprendizagem.
O trabalho psicopedagógico pode assumir feição preventiva ou terapêutica e estar relacionado a equipes ligadas aos campos da Educação e Saúde. Evoluiu a partir de uma demanda da sociedade, que passou a valorizar a aprendizagem a partir de paradigmas integradores e geradores de sínteses, e tem respondido a ela com uma práxis que busca responder às necessidades de compreensão do ser humano em toda sua complexidade, com ampla aceitação nos mais diversos segmentos da comunidade.
A Associação Brasileira de Psicopedagogia é o órgão de classe que representa esta categoria e luta por seus direitos, além de promover a contínua revisão e desenvolvimento do conhecimento psicopedagógico sob o ponto de vista teórico e metodológico. A ABPp possui Seções e Núcleos em todo o território nacional, edita uma Revista científica e promove simpósios e congressos regularmente.
A Psicopedagogia é, portanto, um campo do conhecimento humano essencial para a sociedade da informação dos tempos atuais, que articula saberes e fazeres de forma transdisciplinar e atende aos indivíduos em suas necessidades de Educação Continuada no espaço lúdico da aprendizagem no qual desejo e conhecimento se mesclam em criatividade.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

PROGRAMAÇÃO DO SIMPÓSIO DE PSICOPEDAGOGIA


I SIMPÓSIO NACIONAL DE PSICOPEDAGOGIA:
O FAZER PSICOPEDAGÓGICO NA CONTEMPORANEIDADE: O APRENDER E O ENSINAR EM FOCO
4 E 5 de NOVEMBRO DE 2011
Sexta-feira, dia 4 de novembro Programação
8h30/10h – Credenciamento
10h30/12h – Sessão Comunicação Oral
12h/13h – Almoço
13h/13h45 – Pôsteres/Exposições
13h45/15h – Primeira parte do Encontro com os Coordenadores
15h/15h30 – Intervalo - Visita a  exposições
15h30/17h45 – 2ª parte do Encontro com os Coordenadores
CURSOS
(Coordenadoras: Neide de Aquino Noffs e Luciana Barros de Almeida)
13h45/15h – 1ª parte dos cursos
1-    Diálogo e intervenção nos transtornos de aprendizagem –
Maria Irene Maluf e Gabriela Dias (Mediação: Maria Angélica Rocha)
2-    Família e aprendizagem
Maria Luiza Pugliesi Munhoz  e Elizabeth Polity
(Mediação: Cecília  Castro Gasparian)
3-    O lúdico na aprendizagem
 Angela  Cristina Munhoz Maluf  (Mediação: Viviane  Massad de Aguiar)
4-    Transtornos e síndromes de aprendizagem na sala de aula –
       Jobair Ubiratan  (Mediação: Edimara de Lima)
5-    O papel do educador e a diversidade na escola
Nívea Maria Fabrício (Mediação: Márcia Simões)
15h/15h30 – Intervalo / Visita a  exposições
15h30/17h45 – 2ª parte dos Cursos
18h15 as 19h30 – Cerimônia de Abertura19h30 as 21h - Palestra Magna:  A Psicopedagogia em vários cenários sociais Alicia Fernández(Mediação: Quézia Bombonatto)
Sábado, dia 5 de novembroProgramação
8h/9h- Sessão Comunicação oral
9h/10h30 – PALESTRAS
1.     Contribuições da psicanálise à psicopedagogia – Leda Maria Barone(Mediação: Márcia Siqueira)
2.     Neuropsicanálise e Aprendizagem - Maria Ambrosina Costa (Mediação: Maria Angélica Rocha)
3.     Coaching na Educação - Roberto Hirsh (Mediação: Yara Prates)
10h30/11h –Café com Autores: Sessão de autógrafos
11h/12h30 – PALESTRAS
1.     Educar para a tolerância: a diferença que nos desafia hoje - Marcelo Andrade (Mediação: Maria Helena Bartholo)
2.     Aprendizagem nas gerações atuais - Denilda Morra (Mediação: Maria Katiana Gutierrez)
3.     Origem do conhecimento e a aprendizagem escolar - Fernando Becker(Mediação: Luciana Barros de Almeida)
12h/13h30 – Almoço13h30/15h30 – 1ª. parte - Colóquios

1.
 Instrumentos psicopedagógicos (Mediação: Galeára  Matos de França Silva1.1 Jogo de areia: Maria Tereza Andion e Leda Maria Barone
1.2 Par educativo: Sandra Freitas e Ana Maria Zenícola
2. Psicopedagogia em diferentes contextos (Mediação: Marisa Irene Siqueira Castanho)2.1 No âmbito hospitalar e da saúde: Eliane Latterza e Sonia Colli 
2.2 Nas representações sociais com jovens: Maria Laura Pugliesi Barbosa e João Clemente de Souza Neto
2.3 Nas instituições de ensino superior: Neide de Aquino Noffs
3. Avaliação e intervenção psicopedagógica  (Mediação: Rosa Maria  Scicchitano)3.1 Avaliação como espaço de aprendizagem   Edith Rubinstein   3.2 Avaliação Psicopedagógica do Adolescente  Maria Célia Malta3.3 A literatura como Intervenção Psicopedagógica Cleomar Azevedo e Leda  Maria Barone
15h30/16h – Intervalo / Visita à exposições
16h/17h – 2ª. parte - Colóquios
17h/19h – Assembléia Geral: Aprovação da Reformulação do Código de Ética do      Psicopedagogo

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

SIMPÓSIO INTERNACIONAL ABPp

Não gosto do Dia do Professor




Não gosto do Dia do Professor, a ser comemorado no próximo sábado,
por um único motivo: é um dia pouco comemorado. Deveria merecer mais,
muito mais atenção, do país.

Quase passa despercebido. Não há nenhuma profissão tão importante
para uma sociedade que se proponha a ser civilizada. É mais importante
do que a medicina, que salva vidas, afinal quem forma o médico é o professor.
Nada deveria ser tão importante para uma nação do que saber atrair seus
melhores talentos para ajudar a disseminar e produzir conhecimento.
O que exige uma série de ações coordenadas e complexas. Isso significa que,
no final, a pessoa tem de ter orgulho de ter essa carreira.
Não é o que ocorre. Estamos longe, muito longe, de recrutar os melhores
talentos. Os salários não são atrativos. As condições de trabalho são
péssimas,para não dizer vergonhosas.
Justamente por ter essa visão é que, aqui nesse espaço, faço questão de
provocar polêmicas, não apenas criticando os governos, mas também, muitas
vezes, quem se dispõe a defender os professores, esquecendo-se do mérito.
Há uma série de demandas corporativas que apenas se encaixam nesse
ambiente de degradação.
Basta lembrar quantas vezes dirigentes sindicais, sem a menor preocupação
com o mérito, atacaram e atacam esforços para reduzir o absenteísmo, demitir 
professores sem condições de trabalhar ou exigir maior desempenho. 
Sem contar o explícito  uso da máquina sindical para fazer política. Isso, para
mim, apenas degrada a imagem do professor. Assim como os governos
também usam a educação para fazer política eleitoral. Some-se a isso que, 
apesar de todos os avanços, as famílias e a opinião pública pouco
acompanham a educação pública. 
Um sinal de ignorância vemos nas pesquisas que indicam a satisfação
dos pais com o ensino público. Uma medida da nossa civilidade poderá ser
medida pela atenção e reverência que se tenha no Dia do Professor.

Gilberto Dimenstein, Folha de São Paulo, 13/10/2011

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

SIMPÓSIO OPORTUNIZA REUNIÃO DE COORDENADORES DE CURSOS DE PSICOPEDAGOGIA


                 A ABPp, por meio da Comissão de Formação e Regulamentação do Conselho Nacional  está organizando  o II Simpósio Nacional de Psicopedagogia, que abrigará, como atividade pré-congresso 2012, a Reunião de Coordenadores dos Cursos de Psicopedagogia  no qual os coordenadores de cursos terão papel essencial na revisão das Diretrizes Básicas da Formação do Psicopedagogo no Brasil e na solidificação do papel e identidade do psicopedagogo na contemporaneidade.  
   
                Assim sendo, a ABPp terá a grata satisfação em compartilhar este momento tão significativo com as instituições que ministram cursos de Psicopedagogia, recebendo as inscrições dos coordenadores sem ônus, tanto para a reunião de Coordenadores como para todas as atividades do II Simpósio Nacional de Psicopedagogia para que suas experiências sejam representativas das ações desenvolvidas por seus cursos. As inscrições deverão ser feitas através do site: www.abppsimposio2011.com.br.
   
A ABPp disponibiliza ao público um cadastro dos cursos de  Psicopedagogia no Brasil. Veja em www.abpp.com.br

            
  

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE DISLEXIA

a Associação Brasileira de Psicopedagogia – ABPp, em parceria com a UNIFIEO, convidam todos os Psicopedagogos, profissionais da Educação e áreas afins, bem como estudantes e demais interessados a participarem.

Mais informações e inscrições pelo site www.abppsimposio2011.com.br

Faça você mesmo a sua escola


O Reino Unido está inaugurando esta semana 24 "escolas livres", que vêm a ser estabelecimentos de ensino financiados pelo poder público, mas geridos pela comunidade ou por alguma empresa que se disponha a fazê-lo. O pano de fundo ideológico da ideia está na pregação de campanha (vitoriosa) de David Cameron, conservador. Se desse para resumir em um slogan, como é da praxe deste mundo dominado pelo twitter, diria que é "menos Estados, mais sociedade". Na prática, funciona assim: um grupo de pais, por exemplo, ou alguma organização decide criar uma escola. Deve, então, enviar requerimento ao Ministério da Educação, demonstrar que existe demanda local de parte de pais e/ou alunos, apresentar um projeto educativo e o plano financeiro. Se aprovada a proposta, o governo financia a instalação da escola, que, no entanto, permanece gratuita. A partir daí, o Estado sai de campo e deixa a cargo de um Comitê Diretor (preferencialmente formado pelos pais) o recrutamento de professores, a definição do número de alunos por classe, a organização do tempo de estudos, o conteúdo dos programas escolares e assim por diante. Fico imaginando se esse tipo de escola "faça você mesmo" funciona. Dizem que há exemplos similares na Suécia e nos Estados Unidos, mas desconheço qualquer avaliação delas.

E no Brasil, funcionaria? Tenho sérias dúvidas. O sucesso desse tipo de empreendimento passa, inexoravelmente, pelo envolvimento profundo de pais e mães. Em cidades como Rio e São Paulo, a grande maioria dos pais/mães não consegue, mesmo que tenha boa vontade, encontrar tempo nem para atividades mais imediatas na relação familiar, imagine então envolver-se com a escola. Seria necessário desenvolver um sentido de comunidade que se debilitou no mundo todo por mil motivos que não vem ao caso relacionar aqui. Mas é algo para se pensar, posto que o modelo educacional brasileiro está em crise (vive em crise, na verdade). Resolveu o problema da quantidade, ou seja, colocou na escola quase a totalidade das crianças em idade escolar, mas permitiu concomitantemente que se deteriorasse fortemente a qualidade.

Clóvis Rossi, Folha de SP/ 08/09/11

ALFABETIZAÇÃO - É PARA COMEMORAR OU PARA CHORAR ?

Hoje é comemorado o Dia Internacional da Alfabetização, data instituída pela UNESCO. Em recente pesquisa realizada pela ONU, um dado alarmante : 793 milhões de pessoas em todo o mundo não sabem ler nem escrever. Revisitando o passado, lembrei-me de artigo publicado há vários anos a este respeito, mas que ainda se mantém atual.
Que vocês possam apreciar, refletir, compartilhar idéias !



O QUE FAZ A DIFERENÇA ...

Alfabetização é o termo utilizado para nos referirmos à aprendizagem da leitura e da escrita. A palavra alfabetizar surgiu na Antiguidade e já era empregada na Grécia relacionada ao ensino do alfabeto. Durante séculos seu significado esteve restrito `a capacidade de dominar um sistema de sinais que compõem o código da linguagem escrita.
Hoje já não é assim. Com a superação da visão de mundo positivista e o advento das posições interacionistas e construtivistas, o termo ganhou novo significado e, ficou, de certa maneira, pobre. Os lingüistas preferem adotar o conceito de “letramento “, mais rico em possibilidades, visto que praticamente todas as sociedades atuais são “letradas “, isto é conhecem, utilizam, transmitem a seus componentes a palavra escrita. Desta forma, todo indivíduo que compartilha de um universo sócio-cultural está imerso num outro universo, o das letras, seja ele alfabetizado ou não.
De qualquer maneira, tal discussão, que pode nos parecer ora filosófica, ora meramente semântica, não é o que interessa aqui. Penso que podemos enveredar por outros caminhos...
Lembro-me de uma figura, uma metáfora descrita por Alícia Fernandes num de seus livros: a dos “corpos cadernos “. Ela descreve o sonho de uma criança, que “vê” seu corpo e o de todos os colegas da classe como se fossem cadernos. Essa imagem é muito forte ! ! Como produto onírico, é uma produção imaginária ( no sentido psicanalítico) e gostaria de seguir a rota de tal imagem.
Por que “corpo caderno “? Parece-me que esta figura é símbolo de toda humanidade. nossos corpos são realmente cadernos, porque neles estão inscritos, filogenéticamente, nossas escritas.
Com isso quero dizer, que a leitura/ escrita é uma das marcas da criatura humana hoje, tal como o são a postura ereta e a fala. Da mesma maneira que, no Neolítico, nossos antepassados descobriram a agricultura e tal descoberta revolucionou completamente sua maneira de viver, seus hábitos alimentares e suas predisposições biológicas, na Antiguidade, o surgimento do alfabeto também revolucionou completamente as relações sociais, a maneira do homem manejar e acumular seus conhecimentos.A palavra falada, a partir daí, pede a inscrição, como nos lembra Derrida e a escritura faz a diferença.
O acesso à leitura/escrita sempre foi, e continua sendo, expressão de poder e a alfabetização, uma conquista. Ser alfabetizado é caminhar num continuum de ampliação do processo de letramento, que caracteriza o homem moderno em seu processo ontogenético de desenvolvimento. Por isso, a alfabetização marca, por isso ela assume características de um verdadeiro rito de passagem. A escola trata de valorizar tal conhecimento por meio de uma “formalização “ do ensino e de comemorações em torno do fato, o que se pode atestar pela “festa do livro “, tão comum ainda hoje; a família, a seu turno, encontra também um jeito de valorização da alfabetização, significando-a , a seu modo, por meio de expectativas, exigências, determinações acerca dos cadernos, deveres etc... etc...
Por isso aprender a ler e a escrever é tão significativo! Com esse conhecimento inauguram-se novas possibilidades: apreender o sentido e criar sentido, imergir no pensamento coletivo e emergir sujeito . Que indivíduo tem sentido sem sua História ? 
Como ser histórico sem escrita ?
Por isso, o sonho daquela menina, em sua aparência imagística, é na essência, o símbolo de nossa condição humana, prisioneiros que somos num mundo de letras, palavras , frases e textos, que, se não conseguem ser lidos - ou escritos - expressam nossa inferioridade, nossa marginalidade ou nossa agressividade para com a sociedade
Por isso, tantos problemas e tantas dificuldades em relação às atividades de leitura/escrita, seja nas classes populares como naquelas de melhor condição sócio-econômica! Lidar com a escritura é extremamente significativo para todos, é fator de autonomia, de domínio do léxico, de exercício de autoria, mas, ao mesmo tempo, de sujeição à regras de sintaxe e de ortografia, de submissão do autor à interpretação do leitor, de manipulação de sentimentos geralmente ambivalentes porque referem-se ao desejo de conhecer.
Construir um “corpo caderno “ é , como já disse, uma metáfora,que expressa uma diferença, num corpo que se torna diferente a partir do domínio da leitura/escrita; conhecimento que deixa marcas, que marca a diferença, que nos difere.

Júlia Eugênia Gonçalves





quarta-feira, 24 de agosto de 2011

POR UMA CULTURA DE PAZ




Realizado em Varginha no Teatro Capitólio no dia 18 de agosto, O Fórum Técnico Segurança nas Escolas, Por uma Cultura de Paz,  iniciativa da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais  tem por objetivos levantar os problemas enfrentados pelos alunos e profissionais da educação da região,  decorrentes da violência dentro e fora do ambiente escolar; discutir propostas de integração de órgãos e políticas relacionadas à questão da violência no ambiente escolar e buscar, junto às entidades representativas da sociedade civil e dos setores público e privado da região, subsídios para a formulação de políticas públicas, visando à prevenção e ao combate à violência no ambiente escolar.
 Júlia Eugênia Gonçalves foi convidada para proferir a palestra “Segurança nas escolas: por uma cultura de paz” a fim de propiciar subsídios para os grupos de trabalho que aconteceram durante o evento.
 Baixe a apresentação em  http://www.slideshare.net/juliaeugenia/segurana-nas-escolas-por-uma-cultura-de-paz

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Brasil deve alcançar um milhão de estudantes em cursos a distância em 2011, prevê MEC



O Brasil deve alcançar em 2011 o total de um milhão de estudantes universitários em cursos à distância. O número deve ser divulgado no próximo Censo da Educação Superior, a ser lançado ainda esse ano. A estimativa é do diretor de Regulação e Supervisão da Educação a Distância do Ministério da Educação (MEC), Hélio Chaves Filho. Ela foi divulgada em um debate realizado na Universidade de São Paulo (USP) nessa quinta-feira (18/8). “Os últimos dados são de cerca de 870 mil alunos. Em 2011 devemos alcançar um milhão de estudantes em EAD [Educação a Distância]”, declarou. “O Brasil tem cinco milhões de estudantes universitários e deles um milhão estão na educação à distância. Isso significa que em 12 anos a modalidade alcançou 20% das matrículas”, afirmou durante o evento. “Tendo isso em vista, o debate sobre se educação a distância vai dar certo não se sustenta mais. Ela já deu certo. Agora tem que ser encarada pelas escolas e pelos conselhos profissionais”. O diretor do MEC declarou ainda que o uso de tablets deve ser incentivado na educação à distância. “Por que não pensar o material didático neles? Isso permitiria que ele fosse construído de maneira colaborativa, além de poder ser atualizado constantemente”.
Sarah Fernandes Portal Aprendiz, 19/08/2011





segunda-feira, 1 de agosto de 2011

NOVO DESAFIO



Ao reler o título desta postagem me deparei com a percepção da redundância: todo desafio não é novo ? Sim, claro ! Porém, permaneci com o título porque esse desafio para mim não é apenas novo, é inovador.

Isto posto, passemos ao assunto que quero trazer em pauta: curso de pós-graduação em Psicopedagogia na modalidade EAD. Já escrevi o quanto reticente fui a este respeito ?Graças a Deus a mudança faz parte da vida !

Quando fiz parte da comissão de cursos do Conselho Nacional da ABPp- Associação Brasileira de Psicopedagogia - compartilhava com as colegas a visão de que a formação do psicopedagogo tinha que ser presencial em virtude da necessidade de criação de vínculos, construção de escuta e olhar etc...

Hoje, tenho certeza de que podemos formar bons psicopedagogos usando a tecnologia de ensino a distância. Coordenar o projeto EducEAD www.educead.com.br desde 2006 me garantiu experiência suficiente para dizer que podemos construir vínculos amorosos( como propõe Paulo Freire ) a distância. Que tudo depende de competência relacional do autor do material e do tutor que faz a gestão da sala de aula on line.

Outra experiência que me confirmou tal idéia foi produzir material didático e realizar tutoria de turmas no curso de pós-graduação em Psicopedagogia da FUMEC/ BH/MG no ano passado e neste ano. Percebi que meus alunos aprenderam comigo e que criamos laços de amizade e colaboração.

Por isso me atrevi a propor um curso de pós-graduação lato sensu em Psicopedagogia EAD, atendendo às diretrizes da ABPp, com 600 horas de duração e ênfase na atuação institucional e clínica. Estou trabalhando neste projeto atualmente, trazendo uma visão andragógica e amorosa para a educação a distância e a Psicopedagogia, na qual o sujeito é visto como um ser autônomo, dialógico e capaz de aprender com a mediação tecnológica porque sua natureza é mutante e adaptativa, numa dialética da aprendência que só ele possui.

O desafio está diante de mim e me lembro de meu sogro dizendo que eu "sou muito abusada para o meu tamanho", num tom carinhoso que eu interpretava como admiração. Como todo desafio, traz consigo medo ...ansiedade...mas, sei que isso faz parte do jogo e que o melhor sentimento será o de prazer quando puder compartilhar com vocês os resultados desse trabalho, no qual estou tão confiante quanto aquele gatinho passeando calmamente diante dos cães, na imagem acima.

 Vamos aguardar ?

quarta-feira, 27 de julho de 2011

DIALOGICIDADE





Tecnologias midiáticas, instrumentos e estratégias para comunicação, divulgação e interação de saberes e seres humanos é uma realidade inegável e tem produzido um novo formato de relação entre as pessoas. Tornam o tempo mais “útil” reduzindo o seu “desperdício”, efervecendo a mobilidade de dados, informações e conhecimentos. Por estas características a tecnologia da informação, expressa através das mídias, estabelece uma verdadeira mística, onde ambientes virtuais, substituem o mundo físico, acessos e cliks substituem o convívio e o diálogo entre as pessoas e o anonimato e a atitude solitária tomam o lugar do diálogo e da solidariedade cooperativa.

Os mitos que fazem do fascínio por este novo universo de possibilidade de “ser gente”, podem representar uma forma de consolidar ainda mais a desumanização das relações humanas e a coisificação das próprias pessoas. Considerando que este universo tende a penetrar no contexto da educação, que é essencialmente de relações, necessitamos estabelecer um compromisso em favor da liberdade e da possibilidade de fazer da educação uma relação essencialmente dialógica.

Ao se supor que as tecnologias assumam um papel educativo, e não informativo, o compromisso com a liberdade e o diálogo cede espaço a uma mística que confunde treinamento com aprendizagem. Qualquer mídia, por si só, representa apenas uma forma de divulgar informações e dados, os quais somente se transformarão em conhecimento e formação humana, pela relação entre estas informações e dados e os seres humanos. as relações aqui referidas não são as que comumente chamamos relações de troca, mas de interação e de constante discussão dialógica e dialética.

Ao contrário se associarmos as tecnologias midiáticas às chamadas técnicas de relações humanas convencionais, corre-se o risco de fortalecer a prática da alienação e dominação humanas. Estas supõem os seres humanos como extensão de máquinas, aumentando a proporção da produção, gerando maior lucratividade com menor custo possível. trata-se portanto de uma mistificação pouco ingênua, absolutamente ligada ao interesse elitista com o propósito de forma “bons e competentes” trabalhadores. Percebe-se uma evidente 
condução das pessoas convertendo a educação numa agência de qualificação profissional. Na contracorrente desta tendência, torna-se eminente, a necessidade de educadores éticos, adeptos à prática dialógica e dialética. A medida em que o mito que converteu as mídias em instrumentos de formação humana se estende pelas práticas educativas, é preciso fazer ampliar a discussão dialógica em torno do real compromisso do educador ao fazer uso desta tecnologia.

Caberá ao educador e a educadora dialógica garantir a liberdade das pessoas se constituírem agentes de sua própria formação rejeitando qualquer tentativa ou ameaça de se coisificar as relações essencialmente humanas. Numa atitude sábia, utilizar as mídias e as tecnologias para executar tarefas mecânicas e repetitivas, para que as pessoas tenham mais possibilidade e tempo de fazer que máquina alguma pode fazer: ser gente. A grande mística a ser aceita e enaltecida deverá ser a da criação pelo diálogo, interação, respeito e solidariedade entre os diferentes, que somente se encontram quando estes diferentes se tocam física e afetivamente.

Nilton Bruno Tomelin
 
 

terça-feira, 26 de julho de 2011

Fies poderá financiar curso de educação a distância



A Câmara analisa o Projeto de Lei 325/11, do deputado Rubens Bueno (PPS-PR), que inclui os cursos a distância no âmbito do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). As leis atuais não são claras sobre a possibilidade de o estudante usar o Fies para pagar cursos ministrados a distância. “Não se pode ignorar as possibilidades da educação a distancia para a inclusão educacional de parcela considerável da população brasileira”, argumenta Bueno. De acordo com o Ministério da Educação, os cursos a distância já são adotados por um em cada cinco novos alunos de graduação. Apesar do nome “ensino a distância”, o parlamentar alega que, na verdade, esse modelo de ensino é semipresencial, porque cursos totalmente a distância são proibidos pela legislação. 
O deputado acrescenta que o próprio governo é o responsável pelo grande impulso dessa modalidade de ensino, com a criação da Universidade Aberta do Brasil, em 2005, instituição que, hoje, oferece 180 mil vagas em cursos superiores a distância, em parceria com universidades federais.

Versatilidade - Rubens Bueno explica que, em geral, os estudantes são atraídos pela versatilidade, modularidade e capacidade de inclusão que o ensino a distância oferece. Por outro lado, a modalidade exige autonomia do estudante, porque as aulas são construídas por meio de tecnologias como fóruns de discussão, videoconferências e chats pela internet. Algumas das avaliações também podem ser feitas on-line, mas as provas devem ser presenciais, assim como parte do conteúdo das aulas e atendimento dos professores.

Tramitação - O projeto foi apensado ao PL 5797/09, do deputado Felipe Maia (DEM-RN), que trata do mesmo assunto. As propostas serão analisadas pelas comissões de Educação e Cultura; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Especialista em novas tecnologias defende uso de celulares e tablets em sala de aula


Enquanto muitas professores procuram manter seus alunos longe de seus smartphones, tablets e das mídias sociais, como o Facebook e o Twitter, o especialista em novas tecnologias educacionais Oge Marques, professor da Universidade Atlântica da Flórida defende uso dessas novas tecnologias em sala de aula. Ele esteve no Brasil para uma palestra sobre o tema, em Curitiba (PR) na última sexta-feira (27). Para ele, com um pouco de cautela, dá para transformar essas ferramentas, tidas como inimigas dos estudos, em uma forma divertida de entender melhor os conteúdos educacionais. - Essas tecnologias estão quebrando paradigmas, já fazem parte do dia-a-dia e podem, sim, ser incorporadas nas escolas. Aliar a educação a tecnologia e um atrativo que pode tornar a aula mais empolgante - afirma. Segundo Oge Marques, por meio do twitter é possível aprofundar questões sobre temas que surgem dentro das salas de aula. - Os sites de relacionamento podem ser usados para os estudantes trocarem conhecimentos com professores e outros colegas de classe. A melhor maneira de obter um bom desempenho dos alunos através das mídias sociais é permitir o acesso a esses sites, dentro do ambiente escolar - diz o especialista. Marques alerta que é imprescindível que o professor faça o papel de mediador, ensinando que informações devem  ou não ser aproveitadas.

- Sem a orientação adequada, os sites deixam de ser ferramentas pedagógicas - enfatiza. Oge Marques afirma também que hoje, o Brasil, não consegue usar as redes sociais como ferramentas pedagógicas de forma sistemática por não ter professores preparados para isso. - A ideia de que na rede um ajuda o outro, é romântica. O que acaba acontecendo é que um cego conduz outro cego. Para isso não acontecer é preciso que os educadores estejam preparados para trabalhar com as mídias sociais em aula. A falta de preparo dos professores é um dos grandes obstáculos.




 O Globo, 01/06/2011 - Rio de Janeiro RJ - Rodrigo Gomes

terça-feira, 31 de maio de 2011

Para uma pesquisa virtual segura


Imagine uma loja em liquidação em que há muitos produtos a preços baixos 
e de fácil acesso, mas onde nem tudo é bom e para achar algo de qualidade 
é preciso vasculhar. É praticamente dessa forma que funciona a oferta de 
informações na internet. Há milhares de sites, mas nem sempre há garantia 
de conteúdo seguro. Para os estudantes, que cada vez mais substituem os 
livros didáticos e enciclopédias pela informação on-line, o que parece 
uma imensa vantagem pode se transformar em uma cilada e colocar 
em descrédito o trabalho escolar.
quais as dicas para uma pesquisa segura ? 


os sites de busca usam vários critérios que definem uma sequência 
de instruções, os chamados algoritmos, que fazem com que uns sites fiquem 
em primeiro e outros em último lugar no resultado. O analista de conteúdo
da Agência Susse Guilherme Nagueva explica que no Google, por exemplo, 
os algoritmos são a quantidade de links em outros sites que apontam para
aquela página, as palavras que foram digitadas na busca e que batem com
as que estão no título do site, indicações de rede social, ou seja, quantidade
de vezes que o site é citado nelas, e a qualidade de conteúdo, se o texto
está completo e bem escrito.” O Google tenta levantar os melhores resultados, 
mas claro que não necessariamente os primeiros são os mais confiáveis 
e que terão a informação de que o estudante precisa”. 

O resultado da busca também depende do computador de onde ela é feita. 
Cada vez que um usuário o utiliza fica registrado um histórico de sites preferidos. 
Se, por exemplo, uma pessoa visita bastante sites de compra, quando fizer sua busca, 
se a palavra digitada estiver presente em alguns sites, eles serão listados. 
“É por isso que o resultado de uma pesquisa nem sempre será igual para todos”, 
explica o perito em busca da I-Cherry Alexandre Kavinsky.


adaptado de
Anna Simas
Gazeta do Povo, 31/05/2011 - Curitiba PR




Encontros com Roberto Crema


cursos a distância pela OEA

A Organização dos Estados Americanos (OEA) esta oferecendo cursos de desenvolvimento profissional com ajuda financeira para cobrir uma porcentagem do custo de inscrição.  Os cursos serão dados inteiramente on-line através do modelo pedagógico da Aula Virtual do Portal Educacional das Américas (www.educoas.org): Eu fiz ambos os cursos e recomendo a quem estiver interessado numa formação em EAD de qualidade.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

SIMPÓSIO DO DEPARTAMENTO DE PSICOPEDAGOGIA DO SEDES SAPIENTIAE


Psicopedagoga que forjou laudo deve indenizar vítima

Por Marília Scriboni


Em meio ao processo pela guarda dos dois filhos, a auditora Giovanna Kathleen Benedetti, de 40 anos, foi surpreendida: sem sequer ter passado por uma consulta médica, foi diagnosticada como portadora do transtorno afetivo bipolar. A autora do laudo, a psicopedagoga Marisa Potiens Zílio, a pedido do ex-marido de Giovanna, fraudou o documento a fim de influenciar a decisão da Justiça, como atestam os autos do processo. Agora, Marisa terá de indenizar a vítima em R$ 30 mil.
Mãe de dois meninos, um deles com inteligência acima da média, Giovanna costumava levar semanalmente o mais novo ao consultório da psicopedagoga. Avó e tia paternas da criança eram pacientes assíduas. A proximidade entre profissional e família fez com o que o pai, Lisandro Webber, encomendasse o laudo, que mais tarde seria juntado aos autos do processo de guarda.
As circunstâncias do laudo em questão — que, ao longo da ação por danos morais, Marisa sempre chamou de parecer — é carregada de incoerências. A primeira delas diz respeito à própria prerrogativa da atividade do psicopedagogo. De acordo com a Associação Brasileira de Psicopedagoga, a classe não tem a capacidade de atestar a existência de doenças. Tal competência fica reservada a médicos e psicólogos. Não foi o que Marisa fez: diagnosticou o transtorno afetivo bipolar maníaco sem sintomas psicóticos, como elenca o sistema Cid (Classificação Internacional de Doenças).
Esse tipo de transtorno é caracterizado por mais de um episódio no qual tanto humor quanto nível de atividade da pessoa que sofre a doença ficam profundamente perturbados. Em certos momentos, a situação atinge a hipomania ou mania — marcadas pelo aumento de energia e de atividade — e, em outras, a depressão, com rebaixamento do humor e redução da energia de atividade.
Em depoimento prestado durante a primeira instância, Maria Célia Rosseto, que trabalhou com Marisa, disse que mesmo que o profissional da área da psicopedagogia possa perceber uma doença mental, orientando e solicitando confirmações acerca do diagnóstico, não pode atestá-la. O impedimento é previsto, inclusive, pelo Código de Ética da classe.
Além disso, outro fator chama atenção: as idas semanais de Giovanna ao consultório de Marisa se restringiam ao atendimento do filho menor. Ela conta nunca ter passado por uma avaliação da psicopedagoga. Ou seja, Marisa diagnosticou a doença a distância.
Marisa, por sua vez, conta que o documento juntado ao processo não seria um laudo, mas sim um parecer técnico. Nele, explica, ela teria atestado observações detectadas durante os encontros profissionais mantidos com a família. Ela diz também não saber da intenção do pai do menino de anexar o documento aos autos e, que, antes de chegar ao veredicto, discutiu o caso com um psiquiatra e um psicólogo.
A juíza de Direito Luciana Bertoni Tieppo, da 4ª Vara Cível da Comarca de Passo Fundo (RS), anotou que "é evidente que a ré agiu ilicitamente ao atestar que a autora apresentava transtorno afetivo bipolar, porquanto não habilitada para tanto e, principalmente, diante do fato de não ser a autora sua paciente, não podendo fazer diagnóstico de terceiros a pedido de outras pessoas, sem qualquer avaliação do pretenso paciente".
Giovanna entrou com o pedido de indenização por danos morais logo depois que a guarda dos filhos foi confirmada. Com uma indenização fixada em R$ 60 mil pelo juízo de primeiro grau, a psicopedagoga resolveu apelar. O caso foi parar na 9ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, onde a desembargadora Iris Helena Medeiros Nogueira reduziu o valor para R$ 30 mil. Também em segunda instância ficou entendido que "o psicopedagogo não possui atribuição legal para diagnosticar doenças e recomendar terapias", como escreveu a desembargadora.
Outra irregularidade apontada na atuação profissional da psicopedagoga é o fato de ela não ter mantido o sigilo sobre o falso laudo. Tatiana Bertolo Macedo, segunda psicóloga do menino, revelou que teve acesso aos laudos. De acordo com ela, Marisa, assim que soube que ela havia sido arrolada como testemunha no caso, mostrou-lhe o documento. Daí decorreria uma segunda infração ao Código de Ética da profissão. Segundo o artigo 8º, "o psicopedagogo está obrigado a guardar sigilo sobre fatos de que tenha conhecimento em decorrência do exercício de sua atividade".
Também em segunda instância ficou configurado o dolo da psicopedagoga. "Tenho como grave", escreveu a desembargadora Iris, "o fato de a requerida [Marisa] imputar à autora doença mental inexistente. Agrava-se à situação com a inclusão do parecer em ação judicial na qual se discutia a guarda de filhos, sofrendo a requerente sérios prejuízos de ordem moral".
A juíza de primeira instância resume o quadro: "Ficou claramente demonstrado nos autos o vínculo da demandada com a família do ex-marido da autora, inclusive, afirmando a mesma que tinha notícias da criança pela sua avó e sua tia, ambas suas pacientes, motivo que pode ter sido o fator determinante de sua conduta, o que a torna mais reprovável ainda". No documento forjado, a psicopedagoga Marisa chegou a recomendar que as crianças ficassem sob a guarda do pai.

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